Final de julho, meu tio-avó José Lopes de Lima lançou sua auto-biografia, que inclusive foi ao ar hoje, Dia dos Pais, uma reportagem especial no Globo Rural sobre ele, seus 11 filhos e o referido livro (chamada da reportagem aqui). Junto aos relatos de meu tio, estão também depoimentos orgulhosos de seus filhos, e lendo tudo isso, me inspirei a escrever também e registrar minha admiração, gratidão e amor ao homem que mais amo no mundo: MEU PAI.
Zelo, carinho e amor são os sinônimos do meu pai. Minha mãe sempre me conta que na minha primeira infância, meu pai teve muito pouco tempo para curtir meu desenvolvimento, devido à pesada carga horária incerta da vida de caminhoneiro. Assim que foi melhorando de cargo e amenizando a labuta, seu carinho e presença redobravam.
Lembro de um episódio engraçado, eu tinha por volta de uns 4 ou 5 anos e meu pai que sempre usava barba, de repente chega em casa do trabalho sem a barba. Ele veio me abraçar e eu corri desesperada para longe dele, com medo, afirmando que ele não era meu pai, que eu não conhecia aquele homem. Custei para acreditar que ele era meu pai e ele nunca mais usou barba (graças à Deus!).
Das coisas que me lembro com mais saudosismo é do período de colégio, pois era ele que, suave e delicadamente, batia à minha porta toda manhã para me despertar: "Filha, acorda, já está na hora!". Depois, tomávamos café da manhã juntos, só nós dois, pois minha mãe levantava um pouco mais tarde e a minha irmã era muito pequena. O café era ele mesmo que fazia, aprendeu depois de muitos anos de casado, minha mãe o ensinou. É o melhor café do mundo!!! Nessas manhãs, o que mais me emocionava era a sua preocupação com a minha merenda. Quando eu a levava de casa, geralmente algum wafer - "mirabel", como ele diz, - ou algum outro biscoito, ele sabia que um pacote era muito para mim, então ele dividia precisamente ao meio e embrulhava em papel de pão uma das metades com um cuidado e destreza que só ele consegue. Eu levava uma metade em um dia e a outra metade no outro, tudo embrulhadinho por ele. E quando não tinha biscoito pra levar, ele me dava uns trocados, de mãos vazias eu não ia, mesmo sendo fim de mês.
Ele é a pessoa mais sábia, mais íntegra, mais honesta e o melhor pai do mundo - com todo clichê que possa caber nesta expressão!!
Estudou pouco, mas tem uma inteligência e engenhosidade que coloca muitos acadêmicos no "chinelo"!
Me ensinou a respeitar, a ser honesta, educada, a ter fé em Deus. Sempre controlou, mesmo por telefone, meus impulsos e angústias que apareciam quando eu estava fora de casa.
E quantas vezes, sem reclamar, pegou o carro para me levar ou buscar de algum lugar...
Sei que muitas vezes eu o aborreci e decepcionei, por teimosia, arrogância ou burrice mesmo. E por isso, meu PAI, te peço perdão. Muito me arrependo de, algumas vezes, ter te deixado triste, magoado e preocupado. Perdoa essa sua filha que está apenas aprendendo a viver...
Todo amor do mundo é necessário para expressar o que sinto pelo senhor, meu PAI: TE AMO!
